Do ponto de vista psíquico de uma criança, não há separações de pais que tenham um final feliz, levando sempre a um sofrimento. No entanto, há coisas que os adultos podem fazer para minimizar estas fragilidades dos seus filhos, quando estão perante uma situação destas.
Os divórcios são cada vez mais comuns, e uma vez que a família é a base de qualquer criança, é importante pensar nesta realidade e refletir sobre a importância da postura dos pais perante este acontecimento.
A parentalidade é uma tarefa de enorme responsabilidade, que implica compromissos sérios de respeito pelas crianças, já que são elas as mais desprotegidas e vulneráveis, face às reorganizações da vida dos pais.
Perante a separação dos pais, podem existir alterações sintomatológicas, de forma variável ou por numerosas razões, que, se persistirem, devem constituir sinais de alerta para uma intervenção especializada. Como por exemplo:
Estas alterações sintomatológicas surgem, muitas vezes, como uma forma de autorregulação da criança, acabando por depender delas, sendo uma nítida paragem, regressão ou desvio do seu desenvolvimento. Exemplo disso, é uma criança que desenvolve fobia escolar pelas dificuldades sentidas na separação dos pais.
São muitos os casos em que a disputa parental é mantida depois da separação, originando situações com um efeito muito traumático para crianças e adolescentes. Mesmo separados, é importante transmitirem uma imagem forte e coesa dos dois enquanto pais (salvo exceções em que pais, legalmente, não têm poder paternal, por poderem ser prejudiciais à criança).
Para diminuir o sofrimento dos filhos, é importante lembrar alguns conselhos:
As crianças não são objetos para serem tratadas ao sabor das alterações dos estados mentais dos pais. A vida emocional não é linear, mas é suficientemente grande para nos deixar uma esperança que se for suficientemente preenchida de boas experiências relacionais e afetivas, terão um desenvolvimento harmonioso.
Em caso de separação, se os pais sentirem que não estão a conseguir lidar com a situação da melhor forma, não devem ter receio de pedir ajuda a profissionais especializados. Devem falar com o Pediatra e com um Psicólogo que possa acompanhar a família e ajudar a minimizar os impactos negativos da situação.
Strecht, P. (2001) Interiores: uma ajuda aos pais sobre a vida emocional dos filhos (Edição 638) Assírio & Alvim