A PHDA é uma perturbação do neurodesenvolvimento, de base genética, em que estão implicados diversos fatores neuropsicólogos, que provocam no individuo alterações atencionais, impulsividade e uma grande atividade motora. Trata-se de um problema generalizado de falta de autocontrolo com repercussões no seu desenvolvimento, na sua capacidade de aprendizagem e no seu ajustamento social (Cardo & Servera-Barceló, 2005).
A própria observação no gabinete de consulta é enganadora, já que o comportamento da criança pode ser, e muito, distinto do manifestado em casa ou na sala de aula. A analise do comportamento de qualquer ser vivo deverá ser feita no seu habitat natural – no caso das crianças: a casa e a escola. Numa linguagem clínica, a avaliação deve ser ecológica.
No encontro com os pais deve procurar-se responder a 4 questões:
A dopamina está presente em vários circuitos, nomeadamente na zona do cérebro que se situa por cima dos olhos, e que é responsável por termos juízo: controla os nossos impulsos, antevê a consequência dos nossos atos, determina o que é mais importante e por que ordem devemos realizar as nossas tarefas. Os lobos pré-frontais, assim se chamam essas zonas do cérebro, deverão, em princípio, ser secretárias eficientes, que nos organizam o dia e nos permitem tomar decisões acertadas e racionais.
As dificuldades que estão na origem dos sintomas de PHDA resultam de um funcionamento atípico no que respeita à regulação da atenção e do comportamento, devido a disfunções na regulação de substâncias químicas (chamadas de neurotransmissores) que permitem o funcionamento normal do nosso cérebro.
Se pudéssemos aumentar o nível de dopamina nesses circuitos, talvez estes funcionassem melhor. Na verdade, é o que certos medicamentos fazem: aumentar a disponibilidade da dopamina nos circuitos responsáveis pelas funções executivas, permitindo que a criança se organize de forma mais eficiente, que consiga dirigir a sua atenção de forma sustentada e planeie melhor os seus atos, reagindo de forma menos impulsiva, ou seja, pensando antes de fazer.
Uma forma interessante de olhar para o problema é imaginar a criança com PHDA como sendo um carro sem travões:
Os pais devem compreender que, para poder controlar em casa o comportamento resultante da PHDA, é preciso ter um conhecimento correto do distúrbio e das suas complicações. Assim, os pais devem:
O comportamento hiperativo/impulsivo das crianças faz com que muitas vezes os pais reajam também de forma rápida e impulsiva sem pensar nas consequências que os seus atos podem trazer. Por isso quanto mais alternativas pensarem para diminuir determinado comportamento por parte da criança, mais hipóteses terão de manter uma relação estável e saudável. Por exemplo, quando uma criança não consegue ficar quieta na mesa e está sempre a mexer em tudo à sua volta, provavelmente a atitude
mais eficaz será reduzir ao mínimo os estímulos à volta da criança, de forma a que esta
se possa concentrar apenas na tarefa que está a realizar.
É sabido que crianças com PHDA precisam mais de reforço positivo que as outras crianças, para que os comportamentos esperados aconteçam. É importante que os pais se foquem mais em elogiar o seu filho, quando este se consegue comportar adequadamente, do que em depreciar quando não o faz. Isto não significa que os pais devam ignorar as asneiras ou os maus comportamentos dos seus filhos, mas sim, uma inversão na forma como o demonstram e verbalizam. Por exemplo, em vez de verbalizarem à criança aquilo que ela não foi capaz, tentem transmitir-lhe confiança, mostrando-lhe que ela vai ser capaz de fazer o que é expectável para a situação.
É fundamental para estas crianças que o ambiente seja previsível e constante, com uma rotina diária perfeitamente definida e estruturada. Ambos os pais devem estar de acordo relativamente à estratégia definida e todas as alterações na rotina diária devem ser previamente conversados com a criança.
A atividade física é fundamental, não só de forma a poderem gastar a energia, mas sobretudo a aprenderem a relacionarem-se com os colegas e a trabalharem regras e limites.
Antecipar o comportamento da criança numa determinada situação, como por exemplo na elaboração de uma lista de objetivos e comportamentos positivos ou num horário de estudo, permite que os pais possam conversar/negociar com o seu filho, incentivando inclusive a sua participação na definição de estratégias a serem implementadas, com vista à adequação do comportamento.
O tempo de estudo deve ser curto e intercalado por períodos livres, dada a dificuldade que apresentam na atenção sustentada (manter a atenção por um período longo de tempo sobretudo se a atividade não for motivante para a criança em questão). O ambiente de estudo deve ser o mais sossegado possível e com o mínimo de estímulos externos que possam desviar a atenção da criança, para que ela possa manter a sua atenção focalizada na tarefa que está a realizar.