Por Maria Antunes
Apresentação oral do poema O Vento, de Sophia de Mello Breyner Andresen e intertextualidade com a pintura Campo de Trigo com Corvos, de Vincente Van Gogh, por Beatriz Fernandes, 8.ºano, Escola Avé Maria.
Pensativos e agitados por estes dias, na tentativa de encontrar a melhor forma de continuar a desempenhar esta nossa missão que é ensinar, eis que nos deparamos com um novo desafio, o ensino à distância. – E@D. Algumas dúvidas, muita partilha e a certeza de que tudo simplesmente podia correr bem, com tanto empenho, dedicação e, à mistura, o gosto pelas tecnologias! Finalmente, seria possível valorizar mais esta competência e colocá-la ao serviço do melhor que sei fazer: ensinar! Por estes dias, contrariamente ao que alguns possam imaginar, ainda continuo com esta certeza!
Dias e dias a planificar e a reavaliar estratégias e metodologias de trabalho pensando, sobretudo, nos alunos que agora teria enquadrados numa nova realidade, mas aos quais queria continuar a tocar , alimentando a sua curiosidade, criatividade e, sobretudo, vencer a eventual desmotivação fruto das circunstâncias sociais e pessoais atuais, a ausência do convívio, do riso, do prazer que é partilhar uma aula!, uma aula de Português! Volvidos quase dois meses desta experiência, o que posso devolver é apenas orgulho por pertencer a esta equipa e poder, desta forma, trabalhar com este grupo de alunos em particular e a quem, desde já, agradeço todos os momentos de trabalho, dedicação, partilha, motivação, de relação que, apesar das circunstâncias, ainda é possível cultivar, uma Dist@ncia que, afinal, nos volta a Aproxim@r, como pessoas e como profissionais!
Continua a acreditar! SUPER@-TE!
No 8.ºano estavam programadas as apresentações orais do 2.º Semestre e, agora, querendo dar continuidade a esse domínio, surgia a questão: como o fazer? Ponderada a decisão após diálogo com a turma e ultrapassada a fase da planificação e reformulação dos guiões de trabalho, partimos para a gravação, em vídeo, dessas apresentações orais, deixando ao critério de cada aluno a forma como organiza e apresenta a informação, o cenário, as músicas de fundo, as animações, também numa perspetiva de incentivo à sua autonomia e criatividade e uma vez que já havíamos trabalhado este domínio e, portanto, todos eles sabiam quais seriam as expetativas e as exigências em relação aos produtos finais! Sim, continuamos a ser exigentes, agora mais do que nunca, porque as tecnologias, numa espécie de espelho, devolvem-nos tudo o que fazemos e podemos melhorar! E os resultados finais foram uma superação, para mim, enquanto professora e para os próprios alunos!: alunos que, anteriormente, mostravam resistência à aprendizagem da língua, à exposição oral, à escrita e que agora, resilientes, são os primeiros a cumprir e a entregar as tarefas solicitadas, numa atitude de orgulho irrepreensível! Alunos que querem partilhar o seu trabalho com os colegas e que se mostram disponíveis para aprender e colaborar, para além de um ensino tradicional, que davam como adquirido! Pensamento do dia: isto afinal resulta! Alunos mais novos, do 6.ºano de escolaridade, que se orgulham de partilhar as suas tarefas, por exemplo, a escrita de uma cena de um texto dramático, podendo dramatizá-la ou ilustrá-la! Alunos que reclamavam do horário das aulas: «professora, já estou cansado de escrever» e que, agora, entregam trabalhos pela noite dentro, para além do horário a cumprir! A isto chamamos MOTIVAÇÃO para APRENDER!
Um agradecimento sincero e igualmente determinante a todos os pais e Encarregados de Educação que não têm desistido, com menor ou maior persistência e que têm tornado esta missão igualmente possível, com a sua disponibilidade, paciência e investimento pessoal.
E, passo a passo, vamos avançando, em conjunto, acreditando que estamos no caminho certo. Vamos continuar a acreditar, todos juntos, que esta é a mudança que alguns, alunos e professores, ansiavam e que, no retorno, todos sairemos mais completos, mais motivados e mais gratos!