A Criança e a Disciplina

Educate Together

“A disciplina é o segundo presente mais importante que um pai pode dar a uma criança.”
Brazelton & Sparrows, 2004

Tornar as regras claras e consistentes (9 aos 12 meses):  

  • Decida quais são as regras; 
  • Adapte-as às capacidades e necessidades de cada criança – as regras não têm que  ser iguais para todos e os pais devem ajudar a criança a perceber o significado da  justiça; 
  • Ambos os pais devem estar de acordo sobre este assunto; 
  • Explique à criança qual é a regra, com palavras, gestos e tom de voz; Espere que a criança o volte a desafiar; 
  • Responda sempre da mesma maneira. Qualquer variação aguça a curiosidade da  criança em ver o que acontece da próxima vez; 
  • Espere que as novas capacidades da sua criança o/a surpreendam;
  • Faça avaliações e revisões regulares das suas regras e expectativas. À medida que  a criança cresce, precisará de ajustar algumas delas.

 

Birras    

A criança começa a crescer, a perceber que pode fazer as suas próprias escolhas e a ficar  receosa das suas habilidades. Muitas vezes o seu desejo é tão grande em conseguir o que  quer que se atira mesmo para o chão e grita. Testa os limites dos pais e fica assustada. É  importante os pais ajudarem-na a controlar-se assim como ela aprender a controlar-se  sozinha. Desta forma pode dizer-se “tens aqui o teu ursinho de peluche, ele quer cuidar  de ti. Não gosta de te ver tão agitado, precisa que o abraces”. O pai ou a mãe podem  acalmar a criança, mas o ursinho ensina-a a acalmar-se sozinha. 

 

Ensinar a criança pequena a controlar os seus impulsos:  

  • Primeiro tem de captar a atenção da criança. Se for preciso segure-lhe no rosto  ou os ombros com as mãos. Olhe-a nos olhos, obrigando-a a concentrar-se na  mensagem; 
  • Explique-lhe claramente que não pode agir de acordo com os seus impulsos “Não  podes mexer”. Ou se já chegou tarde “põe no sitio”; 
  • Se for necessário deve impedir fisicamente a criança de fazer o que lhe proibiu  (tire-lhe o brinquedo, leve-a para outro lado); 
  • Sempre que possível dê-lhe uma alternativa. “Esse, não. Mas podes levar o  outro”. É uma forma de ensinar a resolver problemas; 
  • Faça da alternativa uma oferta do tipo “pegar ou largar” e não uma negociação.  Isso mostra a criança que o seu principal objetivo não é entristecê-la, mas ensiná la; 
  • Não desiste até ter conseguido o seu objetivo; 
  • Procure entender a frustração e a tristeza da criança. “É muito triste não  podermos ter tudo que queremos, não é?” Não está a ensiná-la a abdicar de todos  os seus sonhos e desejos, mas apenas a controlar aqueles que não podem ser  realizados. Não está a tentar ensinar-lhe a gostar de todas as regras, mas apenas a gerir os sentimentos negativos em relação a elas, para que não se sinta frustrada; • Ajude a criança a compreender o motivo – em termos simples – pelo qual o desejo  não pode ser realizado;
  • Se por acaso, sentir que errou, aproveite a oportunidade para demonstrar a  importância de admitir os erros e pedir desculpa. Se o conseguir sem abdicar da  sua autoridade, sentir-se-ão ambos aliviados; 
  • Acarinhe a criança e ajude-a a acreditar que ela pode, a pouco e pouco, controlar se. Pegue-lhe ao colo e abrace-a; 
  • Quando o dia foi feito de “nãos”, procure alguma coisa a que possa dizer “sim”.  Isso ajuda a criança a ver a disciplina como um ato de amor, não como resposta a  algo de “mau” nela; 
  • Não encare o mau comportamento do seu filho como um ataque pessoal, em  particular os desafios constantes. Se o vir como ataque pessoal, é provável que  responda da mesma maneira. Em vez disso, procure perceber o que é que a  criança está a tentar aprender com esse mau comportamento, para lhe poder  responder com aquilo que ela precisa. 
  • Partilhe esta responsabilidade em relação à disciplina e ao ensino, com outros  adultos que façam parte da vida da criança. 

 

Ajudar a criança a expressar e a controlar as emoções  

Os pais podem ajudar a criança a: 

  • Sentir-se suficientemente segura para experimentar as suas emoções “Eu ajudo te a controlares-te até seres capaz de o fazer sozinho”; 
  • Distinguir diferentes emoções (“às vezes quando estamos assustado ou zangados,  temos vontade de ser maus”); 
  • Reconhecer as associações entre emoções e situações em particular “parece que  estás contente por ter conseguido arrumar os brinquedos todos sozinho”;
  • Perceber e identificar os sentimentos (“parece que tens medo do  escuro”); 
  • Descobrir formas de se acalmar ou expressar as suas emoções (“precisas de ler  um livro antes de dormir”); 
  • Pedir ajuda quando precisa para lidar com os sentimentos (“queres que te cante  uma canção antes de dormir?”) 
  • Aceitar, valorizar e empatizar com os sentimentos. 

 

O mau comportamento da criança como uma oportunidade para ensinar a  autodisciplina  

  • Observe o comportamento não verbal da criança para avaliar o que ela sente  acerca daquilo que fez;  
  • Se a criança já percebeu que fez algo de errado e se sente culpada por isso, então  já está a aprender a lição;  
  • Não force demasiado a criança a ponta de ela não poder enfrentar aquilo que fez.  Em vez disso, louve-a pela coragem necessária para enfrentar os próprios erros;  Se for necessário, certifique-se que a criança compreende o que fez, pedindo-lhe  que conte. As palavras dela valem muito mais que as suas e terá a possibilidade  de clarificar aspetos que sejam confusos;  
  • Decida, se possível de acordo com outro progenitor, uma consequência que se  relacione diretamente com o ato e permita à criança reparar o mal feito “Vais ter  de lhe escrever um cartão muito bonito a pedir desculpa pelo que fizeste”, “Vais  ficar sem mesada até perfazeres o valor suficiente para comprares um brinquedo  ao teu amigo”  
  • Certifique-se que a criança compreende a importância das desculpas e da  reparação e se sente perdoada.  

  

  

Brazelton, T. & Sparrow, J (2004) O Método Brazelton: A criança e a disciplina (6ª  edição) Lisboa Editorial Presença